A Dinamarca foi eleita a cidade onde as pessoas são mais felizes. Li alguma coisa no jornal, mas o que chamou a atenção foi um programa de Oprah Winfrey sobre isso. Bem, nas verdade não foi o programa em si que chamou a minha atenção, mas o fato de eu estar estudando um tema relacionado a isso em minhas aulas de filosofia.
Quem de vocês nunca se cansou de esperar que o Brasil melhorasse? Que as pessoas ficassem mais cordiais, que a corrupção fosse superada, etc? Bem, em confesso que de vez em quando fico cansada. Principalmente dos que não se esforçam para melhorar. Sempre fiquei matutando o por que de tanto individualismo e falso moralismo. Não vou ser ousada o suficiente de dizer que descobrir a razão. Quem sou eu…. Mas digamos que tenho as minhas teorias.
Vivemos um dia de cada vez. Nosso sistema de saúde, educação e serviços púbicos não são um dos melhores (e olha que nosso Presidente está tentando exportar o modelo SUS para os EUA). O brasileiro precisa, literalmente matar um leão por dia. É preocupação em colocar comida em casa, arranjar um emprego… Se você o arranja, vem o medo de não perdê-lo. “Conhecer alguém” virou peça fundamental para conseguir as mínimas coisas. Como tudo foge do nosso controle, precisamos nos apegar a algo: Religião, fé, supertições e todo e qualquer tipo de frase de efeito, mas que no final das contas é uma coisa só: MORALISMO. Não estou criticando o moralismo. Mas Spinoza já dizia que a moral é uma forma de proteger-nos da realidade. Como é muito duro encará-la, seguimos um roteiro estabelecido por alguém. Tudo por medo de sofrer.
Aí entra a Dinamarca. Eles não precisam se preocupar com a falta de emprego, com a saúde dos seus filhos ou se terão dinheiro para pagar a escola. O Estado funciona. Por isso, os índices de criminalidade são baixíssimos. Por isso, as pessoas não julgam as outras tendo por base falsos moralismos. Deixam isso pra justiça. Aqui, as coisas funcionam de uma forma diferente. Lembram-se dos donos de uma escolinha em São Paulo? As pessoas tinham tanto medo de que eles fossem culpados, que o julgaram antes mesmo que a polícia concluísse as investigações. E a aluna da Uniban? Os alunos a julgaram como se ainda estivéssemos na Era Medieval. A cada dia que passa, casos como esse, no Brasil são mais comuns. Ninguém se pergunta por quê?
Bem, eu realmente não sei se as pessoas da Dinamarca são as mais felizes do mundo, mas esse programa da Oprah me fez repensar em muitas coisas. A principal delas é que cada vez eu estou mais ciente de que quanto mais as nossas Instituições se deterioram, pior a sociedade fica. Enquanto a justiça liberta criminosos, após o cumprimento de 1/6 da pena; enquanto a mãe ver seu filho morrendo de fome, sem futuro e sem educação; enquanto o homem perder a confiança na polícia, cada vez mais novas crenças, falsas filosofias se farão necessárias para fazer com que a realidade seja mais suportável. E por se apegarem a “fantasias”, as pessoas não conseguem enxergar a verdade como ela é e o seu papel para mudá-la.
Sim, este texto está começando a ficar pessimista, mas a cada dia que passa, acho que esse país não irá mudar com a força e boa vontade de nós, brasileiros comuns. A cada dia que passa, cresce a minha convicção de que estamos desesperadamente dependentes de um Estado que realmente funcione. Ainda estamos muuiiitoo longe disso. Para quem acha que a melhora de alguns índices sociais e obras do PAC indicam alguma coisa, sinto decepcionar. Um Estado que se preze não deveria manipular seus cidadãos em uma pré-campanha eleitoral e desrespeitá-los como se fossem ignorantes que não entendem de política. Um Estado que se preze deveria ter em mente que trabalha para mim, por mim e comigo. Não o inverso.
Viva a Dinamarca!
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