Resgatando o passado

Não é possível resgatar o passado. Especialmente quando ele não é seu, não foi vivido por você.

Mas o passado sempre te alcança e fica entranhado na sua pele, mesmo que não perceba.

Como a água do rio que segue seu curso e que não será a mesma ao chegar na foz.

Mas ainda assim é água. Serve para beber, serve para banhar. Mas trás em suas infinitas partículas memórias de enchentes, secas, plantações, poluição, dores e amores.

Ele ainda é rio, ainda é água. Você pode não saber por onde passou mas sente, já que passa a fazer parte da gente.

Assim me sinto com relação ao cara da foto, meu avô Aristarcho Weyll. Nunca o conheci. Não tenho muitas fotos, nenhuma com meu pai, mas conheço algumas de suas histórias. Poucas. Às vezes me pego sentindo saudades de uma época que não vivi, de uma pessoa que não conheci.

Por isso o transformei em Charles, pai de João no meu livro Não se esqueça de mim. Ambos viveram em Itajuipe, no interior da Bahia, ambos foram produtores de Cacau e tiveram um filho que deu muito trabalho (sorry, dad).

Não é possível resgatar o passado, eu sei. Mas a gente pode criar novas memórias, resignificando o que não foi vivido e sentido. Preenchendo as lacuna da alma com aquilo que faz sentido.

Por isso eu sigo escrevendo e reescrevendo. Vivendo, ainda que em uma única vida, possibilidades infinitas.

Vô, esse livro também foi para você ❤️

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