Apesar de tudo, ainda existe amor.

Fui pegar umas doações com uma amiga e o cenário da sua casa era bem familiar. E caótico. Enquanto o marido fazia uma conferência na mesa da sala, seu bebê de 1 ano tocava piano e o outro (de 2 anos) corria de um lado para o outro. E ela, momentaneamente desnorteada, tentava se lembrar de onde tinha posto a sua máscara

Ao ver aquela cena pensei em mim, na minha família que tem uma rotina tão semelhante e me fez pensar sobre o que é o AMOR. Porque quando temos filhos nosso mundo vira do avesso. E não falo do amor por eles. Falo do amor pelo nosso parceiro que nos levou a formar essa família. Falo dos desafios que aparecem de surpresa e que nos obriga a se adaptar. Falo daqueles carinhos tão frequentes ao longo do dia e dos jantares a dois que ficam raros, por falta de espaço.

E aÍ tentamos equilibrar pratos, resolver dilemas e ainda lidar com a pressão de que deveríamos nos esforçar mais, nos arrumar mais, fabricar tempo para os dois. Porque nessa fase da vida não nos encaixamos em nenhuma foto de revista. Porque essa realidade não vende, não é atraente.

E então eu vi Fran e seu marido. Ela louca de cansada, ele preocupado. Eles não perceberam, de tão imersos que estavam em suas rotinas puxadas. Mas os seus olhares diziam tudo… Se antecipavam… Tentavam se acompanhar na correria… Sabiam do que o outro precisava e ainda que não pudesse entregar o necessário, confortava, acolhia.

Sim, não existia mais espaço para longos carinhos e beijos, o cenário agora era mais parecido com o de uma guerra. E foi ai que eu vi um outro tipo de amor. O amor que cuida, que se preocupa, que está ali do seu lado, lembrando que você não está sozinha, ainda que pareça o contrário.

Porque se engana aquele que acredita que o amor é o mesmo o tempo todo. Lindo, leve e solto. Ele se transforma, passa por provas. Ele precisa evoluir como tudo na vida, ou se apaga.

Saí da casa dela com o coração leve. Me vi ali. Me dei conta de que não estou sozinha. Que é só uma fase. Um novo amor se reestruturando. E que enquanto houver carinho, olhares, cumplicidade e gargalhadas no meio da noite por conta de uma situação inusitada, estaremos todos bem. Tudo passa.

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