Li no jornal de hoje que a Polícia Federal prendeu 14 pessoas acusadas de traficar chineses para o Brasil. Aqui eles são utilizados como mão de obra barata: é a escravidão dos tempos modernos.
A intensificação do processo de globalização e unificação dos mercados têm contribuído para o surgimento de novos problemas, até então inimagináveis. “Problemas” que antes ficavam restritos a um determinado país, hoje se alastram com uma velocidade incrível. No caso dos chineses, a prosperidade econômica não contribuiu para coibir práticas antigas. Mulheres ainda são vendidas em feiras populares, quando não sequestradas, para casar com homens que não conseguem achar uma companheira, dada a política do filho único. O governo chinês também vem pressionando para a utilização de mão de obra chinesa, condicionada ao investimento feito por eles. Neste caso, há, literalmente, uma exportação de gente. Para escapar da legislação trabalhista dos países, esses trabalhadores são alojados em navios ancorados em portos, saindo apenas para o desempenho das suas atividades laborais. Como sabido, dentro do navio, vale a legislação do país de origem. Salário baixo, precárias condições de vida e nenhuma interferência do governo local. Tardiamente, países como o Brasil começam a perceber esse esquema.
Problemas antigos com novas roupagens também surgem. É o caso da Venezuela, uma democracia às avessas. Empresas estão sendo estatizadas sem aviso prévio e sem o pagamento de idenizações. Os venezuelanos têm seus telefones grampeados e sequer podem conversar tranquilamente com os seus entes queridos. Aqueles que tentam lutar pelos seus direitos sofrem pequenos acidentes. Uma forma singela de advertência. Os que foram buscar refúgio em outro país, dificilmente pode voltar, encontrar trabalho e levar uma vida normal. Bens acumulados durante décadas, somem, feito pó. É o terrorismo de Estado, que começa a ser copiado pela Bolívia.
Em todos esses casos, pouco tem sido feito pela comunidade internacional. Primeiro, porque esses países possuem recursos econômicos ou naturais essenciais para a manutenção do atual sistema capitalista. Em segundo, as fórmulas utilizadas, até então, para os casos que afetam o staus quo, perdeu a eficácia nesse novo cenário. No caso da Bolívia e Venezuela, estamos falando de governo “democraticamente” eleitos. Se me lembro bem, após a guerra fria, essa era a exigência do sistema para a concessão de empréstimos, investimentos e para se ganhar tão a sonhada independência política.
Novos tempos, novos problemas. Precisamos de novas soluções. Tardiamente descobrimos que democracia não é garantia de nada. Enquanto o milagre não vem, salve-se quem puder!