Ano perdido, ano ganho

Depois de muito pensar, queimando meus neurônios, fui obrigada a admitir que estou sim em um ano sabático. É fato que ele começou há um bom tempo (quando eu, inconscientemente negava projetos e sabotava alguns processos), mas eu apenas consegui internalizar agora. A opinião de amigos, da minha nova vida, foi fundamental. Conclui que não estou louca. É o meu inconsciente, falando comigo e implorando para eu reduzir o ritmo.

Calma amigos! Eu não virei uma Amélia! Na verdade, nem tenho vocação para isso (meu marido que o diga). Sou uma sabática (essa palavra existe??) às avessas: continuo trabalhando, mas em algo que me dar prazer e me deixa tempo livre para criar. Escrever, por exemplo, era algo que eu sempre tive vontade em fazer, mas nunca tinha tempo. Se o tinha, faltava o estado de espírito, que é o que me move.

Como tudo na vida, essa não foi uma decisão fácil. Principalmente quando você vem morar no Rio de Janeiro, uma cidade inebriante, que consegue conciliar oportunidades e desafios com uma paisagem divina. Sempre fui acostumada a forçar o meu limite ao máximo. Isso sempre foi essencial para mim, principalmente porque as minhas escolhas dificilmente agradavam os que estavam à minha volta. Ser de uma família nordestina e ir contra os padrões estabelecidos não é tarefa fácil. Assim, você supera o primeiro desafio, o segundo e vai se sentindo cada vez mais confiante. Começa a achar que o céu é o limite, que literalmente tudo o que se quer e que dependa de você, pode ser alcançado e consegue. Eu fiquei bem feliz numa época. Comparado aos meu colegas, que tiveram as mesmas oportunidades, fui mais longe. Contudo, para a minha surpresa, a alegria das conquistas nunca duravam muito. O ritmo de vida é tão insano, cercado de tanta futilidade e politicagem, que você começa a rever os seus objetivos. Não estou “cuspindo no prato em que comi”. Cada experiência, boa e má, foi essencial para o meu amadurecimento pessoal e profissional, só que já não me encaixava ali.

O ano de 2008 foi essencial para isso. Foi o meu melhor e pior ano. Melhor, por que me proporcionou essa mudança, me fez parar e encarar a vida de uma outra forma. Enxergo as coisas simples da vida como quem vê o mar pela primeira vez, literalmente embasbacada! A vida ganhou um outro ritmo. O que eu quero! De repente me vejo fazendo coisas que antes odiava! Natação, por exemplo. Contudo, confesso que não gostaria de viver esse ano outra vez. Na verdade, eu me esforço em apagá-lo da memória. Foi nesse ano que eu descobri, pela primeira vez, o que é frustração de verdade. Pela primeira vez, também, eu não consegui algo que sempre quis. E o pior de tudo; uma coisa que não dependia de mim. Não conformada, tentei de todas as formas, todos os meios, esgotei todos os recursos e nada. Aceitar isso ainda é difícil, mas eu tento superar.

2009 é o meu ano. Continuo desafiando os meus limites, mas de uma outra forma: fazendo e experimentando tudo o que não fazia antes. Até mesmo coisas que eu não gostava. É, eu realmente mudei. Quer dizer, ainda estou em processo de mudança. Isso me assusta, mas, ao mesmo tempo, me deixa mais confiante e trás uma paz libertadora! Bem, agora vocês devem estar se perguntando por que eu resolvi escrever sobre isso. Bem, pode parecer meio cliché, mas literalmente quando você se depara com uma situação não muito agradável na sua vida, o que você fará depois é uma escolha sua. Sim, você pode ficar triste, curtir uma fossa por um período, mas o que virá depois é de sua inteira responsabilidade. Não adianta colocar a culpa no destino, ou na sua vida infeliz, ou no vizinho, sei lá. Por mais difícil que seja, e é eu acredito, tente enxergar a oportunidade que a vida está lhe dando para mudar. Às vezes ela age através de mecanismos loucos mesmo, fazer o quê. Eu ainda não sei onde esse meu processo vai dar e quanto tempo vai durar. Mas, de novo, pela primeira vez eu não quero pensar em metas. Minto, tenho uma meta sim. Perder os últimos 3 quilos, dos tantos que ganhei em 2008 e, finalmente, deixar esse ano definitivamente para trás.

1 thought on “Ano perdido, ano ganho”

  1. Querida Paloma
    Situações desagradáveis, seja um momento de dificuldade financeira, seja um emprego que não atenda às nossas expectativas, ou ainda um sonho ainda não realizado, quando refletidas e internalizadas, faz com que redefinamos valores já entranhados n’alma. O sofrimento é certo, mas o crescimento é eminente.
    Um beijo e obrigada por me ajudar a superar os momentos difíceis.

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