Estou cansada de ouvir e ler as críticas negativas sobre o fato de Ronaldo preferir educar o filho na Europa em vez do Brasil. Uma das reportagens chegou ao cúmulo de dizer que era o fim de uma era. Que o principal símbolo de brasilidade tinha desistido. Outras tantas afirmam que Ronaldo deveria dar o exemplo, depositar fé e confiança em um país que tanto lhe deu e que a sua declaração ajudava a denegrir a imagem do Brasil. Acho que estou perdida. O fato de Ronaldo ser uma personalidade internacional condiciona ele a ser mártir? Por acaso essa é a condição básica da fama? Será que foi o Brasil que deu tanto a ele ou ele se esforçou por essas conquistas? Por acaso ele deve ser sempre politicamente correto? Estamos sempre exigindo isso dos atletas e artistas, mas nunca dos políticos, repararam? Os políticos têm a OBRIGAÇÃO de serem politicamente corretos. Os políticos devem ter a sua vida particular vigiada e devassada a todo instante. Afinal de contas, conscientemente eles escolheram nos representar. Você por acaso já viu um político enviando seu filho para estudar em escola pública? Ou usando o hospital público? A propósito, Lula e Dilma são frequentadores assíduos de um dos melhores hospitais particulares da América Latina e os seus médicos não aceitam convênio médico ou sequer atendem na rede pública. Por que será? Preciso responder? É claro que eles não confiam no serviço público e, como Ronaldo, buscam o que há de melhor.
Quando morei na Espanha, cansei de me esbarrar com políticos, jornalistas e artistas no metrô ou no ônibus. Literalmente eles eram “gente como a gente”. Nós, brasileiros, temos a mania de colocar em um pedestal quem não deveria estar. Não que Ronaldo não mereça. Mas eu tenho certeza de que quando ele escolheu ser jogador de futebol ele não tinha em mente ser um modelo para as pessoas. Ele devia estar pensando em sua vocação natural e na realização financeira, é claro. Se formos seguir a lógica das reportagens que tanto criticam a sua declaração, então nenhum psiquiatra pode sofrer de depressão, nenhum professor de Literatura Clássica pode usar gíria, todo artista de televisão deve ter a sua vida aberta para a opinião pública. ME POUPEM.
Ronaldo está certo. Se eu tivesse filho e dinheiro, faria o mesmo. Sabe por que? Nós, brasileiros, adoramos transferir responsabilidade. Se a saúde, ensino, segurança estão mal, a culpa são dos políticos, ou das ONGs ou de qualquer outra organização. Culpamos alguém e esperamos que a solução caia do céu. É mais fácil. A culpa nunca é do povo. Sim, os brasileiros são mal educados. Não sabem lutar e exigir pelos seus direitos. Precisam de um mártir que os inspirem a exigir o que lhes é de direito. Pobre de nós.
Paloma,
Espero que isso não tenha saído unicamente do post que coloquei no meu blog.
Já falamos sobre isso e discordo em parte do que diz aqui.
Mas não quero polemizar, cada um de nós sabe a opinião do outro.
Fiquei mesmo é feliz em te ver escrevendo (e tanto) de novo.
Beijos.
Infelizmente não vi isso apenas no seu blog. Parece que leio isso em todos os lugares. De novo a FSP falou disso de novo. Sim, talvez eu tenha sido um tanto radical (licença poética), mas acho que exageramos onde não devemos.
Quanto a voltar a escrever, meu humor está diretamente ligado a isso! Acho que amanhã irei mudar a trilha sonora (rsss)
Bjs
Hoje vi uma música (Não sei o Cantor e muito menos o Compositor) que dizia: “se quer sabe algo sobre a minha vida, pergunte ao vizinho”. Ela retrata que estamos mais preocupados com o que acontence com os outros em vez de ser critico com a nossa propria vida. Afinal é sempre melhor transferir responsabilidades, fracassos, tudo aos outros. No do outro em sempre melhor. Temos que deixar de ser hipócritas e ter atitude para mudar, mas a mudança dever ser primeiramente dentro da Gente.
Adorei o Texto.