Há 5 anos ela me procurou desesperada. Seu companheiro tinha destruído a sua morada e fez ameaças só porque ela pediu o divórcio. Há muito tempo que ele não ajudava nas despesas, com a filha, sumia por dias e já tinha uma outra família.
Fomos registrar queixa na policia e o que deveria ser um processo de acolhimento, foi um martírio. Quase não conseguimos.
Ela teve que mudar a direção da sua vida da noite para o dia. Descobrimos que a ordem de restrição não funcionava. Em um ano ela teve que mudar 3 vezes de casa.
Deu tudo errado mesmo? Aprendi que fazemos essa pergunta muito cedo, quando estamos no escuro.
Depois de um tempo, as coisas se acalmaram. Ela reconstruiu a sua casa, alugou para outra pessoa, criou a filha. Apesar de se sentir solitária, ela nunca esteve sozinha. Uma legião a acompanhava.
Três anos depois, ainda insegura permitiu-se gostar de outra pessoa. Mas não foi fácil para esse cara. Ela estava autocentrada, desconfiada, com razão. Disseram que ela exigia demais e eu disse para ela ter calma. Porque que se ele realmente quisesse algo, esperaria pelo tempo que ela demandava. Porque para o amor dar certo, a gente tem que se bastar primeiro. Tem que estar inteira. Ser capaz de ficar em pé sozinha, sem muletas ou amarras.
Foram 2 anos para o primeiro beijo e agora estão casados. Ela tem plano de saude. Uma casa nova. Voltou a estudar. Quer ser técnica em enfermagem. Esta fazendo terapia. Quando as coisas ficam difíceis, ela se apoia em mim e eu nela. Já perdi a conta de quantas vezes rimos, choramos, desabafamos. Hoje seu maior desafio é concluir os estudos.
O mar estava bravo: Eu sei.
Estava difícil para enxergar: Verdade.
Seria mais fácil se fosse de outro jeito: Concordo.
Mas a vida é assim. Às vezes só precisamos deixar a maré mudar para a encarar o mar. E voltar a respirar.
Quando a vi lembrei dessa história e me dei conta de que hoje é um bom dia para celebrar…
E recomeçar…
Quantas vezes forem necessárias. ❤