Era o dia do meu casamento. Eu estava entrando na igreja com meu pai quando travei. Lembro bem do momento em que minha mão se deslocou do seu antebraço e buscou desesperadamente a sua mão. Tudo isso no exato momento em que mais de cem pessoas olhavam para mim, ao som dos acordes da música que eu tinha escolhido com tanto carinho. Para o meu momento.
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O sorriso ficou amarelo. O coração passou a bater acelerado. O momento não era como eu imaginava. Em frações de segundos milhares de pensamentos passaram pela minha cabeça. E eu questionei se daria conta de tudo o que “os outros” determinaram como sendo minhas novas obrigações. Amarelei.
Claro que eu já tinha pensado e discutido sobre isso e para mim estava tudo bem. Mas ali, naquele momento, entrando na nave, tudo ficou muito real. Concreto. Sem as fantasias e idealizações que temos quando jovem.
Por isso apertei forte a mão do meu pai, que respondeu com dois apertos consecutivos. Me senti protegida. Eu sabia o que aquilo significava. Não tínhamos combinado nada mas eu sabia que ele estava me avisando que se eu quisesse, ele me tiraria dali. Naquele segundo. Daríamos meia volta e entraríamos no carro alugado que ainda aguardava em frente da igreja.
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Mas foi então que eu olhei mais adiante, como que buscando um sinal, e finalmente o vi, surgindo por detrás dos convidados e padrinhos que o encobriam na tentativa de conseguirem uma visão mais privilegiada. E então eu vi o seu sorriso, eu vi a forma como ele me olhava e foi o suficiente para eu saber que tudo ficaria bem.
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De repente, as exigências, expectativas ficaram do lado de fora. Porque eu sabia que para ele, apenas uma coisa importava: que eu fosse feliz. Do meu jeito.