Amanda é uma mulher apaixonada pela sua profissão, que nunca teve relacionamentos duradouros por ter uma rotina de trabalho muito intensa. Até conhecer Roberto que aparece em sua vida num momento de fragilidade, oferecendo atenção e carinho. Aos poucos a máscara de perfeição começa a mostrar rachaduras e ele e vai se transformando no oposto de tudo que aparentava ser no ínicio.
Repentinamente Amanda perde o emprego e ele pede o divórcio a deixando com um filho pequeno para criar.
Essa narrativa é corriqueira na vida de muitas mulheres e é justamente de vivências comuns que Paloma Weyll extrai material para seu romance, adicionando elementos dignos de um thriller.
Assim, o livro nos faz reflerir como muitas mulheres permanecerem em relações desse tipo pelo medo de ficar sozinha, por terem um filho com a pessoa, etc.
Vemos como Amanda vai perdendo sua força e independência pela manipulação que Roberto cria. A sensbilidade com que a autora trata dos sentimentos conflituosos de Amanda é um dos grandes atrativos da leitura.
O livro me surpreendeu por mostrar como muitas vezes esse tipo de abuso não é escancarado. Nem todo relacionamento abusivo contém violência física, mas é evidente a violência piscológica que Roberto causa.
Amanda encontra apoio e se reconstrói com a força de outras duas mulheres: Maria, sua secretária doméstica e Ana, a mãe de Roberto, a qual ele sempre demonstrou desprezo.
A relação de fortalecimento que se constrói entre as 3 mulheres é inspiradora. No entanto, senti vontade que a personagem de Maria fosse melhor desenvolvida.
Ana se encontra em um conflito: ela deseja ajudar Amanda a se reeguer, mas também não se vê abandonando seu filho.
É importante salientar que Roberto é a representação de muitos homens que abusam psicologicamente de mulheres. E se por um lado Ana, sua mãe enxerga ele como doente, esse não é o ponto de vista da autora. No mais, o romance de Paloma possui uma escrita que me prendeu bastante, é fluído, bonito e me fez pensar na importância da união entre mulheres como potência regeneradora.
Texto publicado originalmente no Instagram, na página da @nadia.camuca