Crônica: a difícil arte de ser mãe de filho com TDHA

Hoje eu fiz tudo errado. Gritei com ele, disse palavras duras que não podem ser devolvidas.
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Meu filho tem TDHA e por isso alguns dias são difíceis, com regras, rotina a ser seguida a ferro e fogo, uma linha fora do lugar, ele desestabiliza. O lema é antecipar, negociar, fazer com que se cumpra os combinados. Na porta do quarto, um pedaço de papel com a rotina do dia, horários. Esperto do jeito que é, ele sempre tenta renegociar. E quando a gente cede demais… caos. É muito fácil se perder no mundo da imaginação, naquilo que se gosta, e deixar de lado o mundo real, ainda mais nos dias de hoje. Quem não gosta?
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Mas ele também é criança, só tem 8 anos e como qualquer outra nessa idade, mete os pés pelas mãos, quebra coisas, faz besteira. Até que ponto é a criança? Até que ponto é a sentença? Como não relevar quando estamos cansadas demais? Às vezes nuvens cobrem meus olhos e eu não percebo os sinais.
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É difícil ser mãe em qualquer situação. As vezes me sinto despreparada ou perdida. Como que navegando por um mar desconhecido, com uma intenção de chegar, mas sem enxergar. Eu aprendo e ao mesmo tempo tento ensinar. Ao mesmo tempo em que tendo entender sua cabecinha, um nó se faz na minha.
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Mas nem tudo são pedras. Existem progressos. Pequenos detalhes passam a ser percebidos e aos poucos, tudo o que você faz começa a fazer sentido. Sabe quando você sente que uma pessoa tem um lugar especial no mundo? E que você é apenas parte da engrenagem?
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Por isso junto meus cacos, remendo meus furos, refaço meu plano. Eu sei, hoje eu gritei com ele. Pedi desculpas, expliquei. Mas a culpa fica, não larga. Mas também não me paralisa. Por ele eu ergo minha cabeça e aguardo ansiosa pelo próximo dia. Por uma nova chance . Por um novo começo. E assim, sem perceber, eu também mudo. Me reviro pelo avesso. Olho para o ontem, e já não me reconheço. Virei uma pessoa melhor? Não sei. É muita pretensão. Mas o olhar muda. E com ele, fico mais segura quanto a nova direção.
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