Quando fiquei com um rapaz pela primeira vez, foi inusitado. Não pelo beijo em si. Mas porque no dia seguinte todo mundo sabia. Inclusive a minha avó. Lembro de atender o telefone e ouvi-la dizer:
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– Minha filha, esse negócio de beijar toda hora não é bom. Bonito mesmo é segurar na mão e gostar de quem gosta de você
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Para uma menina de 15 anos, aquilo não fazia sentido, mas ainda assim não esqueci.
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Anos passaram. Paixões surgiram e sumiram. E a gente aprende que nem sempre o gostar é recíproco. E descobre que nem sempre existe romance atrás de um beijo. Às vezes é só desejo. Eu ainda era nova, não entendia sobre relacionamentos, mas lembro que não gostava da sensação de estar com alguém e não ser vista. Eu era romântica e queria o amor, recheado de amizade, parceria e cumplicidade.
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Então você veio, em um período difícil. Eu entrando na faculdade, você saindo. Fases diferentes, sonhos diferentes. Eu queria romance mas não queria ficar presa. Criei barreiras, condições, regras absurdas em um pedaço de papel. Tudo bem, você disse. É possível estar junto e ser livre.
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25 anos se passaram, 16 de casados, 2 filhos. Durante esse tempo mudei de corpo e cabeça. Mudei de carreira e de emprego. Adoeci, estabilizei. Parei tudo quando fiquei cansada, confusa. E você paciente, esperou eu encontrar uma nova vereda. Porque eu sou assim, agitada por natureza, sempre em movimento, aprendendo, buscando. Eu poderia estar perdida, mas ainda assim você me via. Me incentivava e me acolhia.
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Uma vez ouvi alguém dizer que amar não é fazer o outro feliz. Porque ninguém tem essa capacidade. Amar é deixar o outro correr atrás da própria felicidade. E você é assim.
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Por isso, sempre que estou em uma encruzilhada e te olho, eu lembro das palavras da minha avó. Ela estava certa, Porque AMAR é sempre uma ESCOLHA. E o bom mesmo é poder segurar a mão de quem gosta da gente. É poder acordar todos os dias ao seu lado e saber que se voltasse no tempo, ainda assim eu te escolheria. SEMPRE.